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SUGESTÃO DE LIVROS | POR RUI GUEDES

SUGESTÃO DE LIVROS | POR RUI GUEDES
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27 Junho 2020

Uma vez por mês, a Vereadora da Cultura, Beatriz Meireles, convida um autor que já passou pelo "Café Literário" para falar do livro/romance da sua vida e apresentar sugestões de livros e leituras. Na nova programação do #Cultura em Casa de junho acolhemos o autor Rui Guedes.

Rui Guedes nasceu no dia 24 de julho de 1974, em Paredes. É o responsável pelo Serviço de Biblioteca Itinerante (Bibliomóvel) da Biblioteca Municipal de Penafiel desde abril de 2002. Publicou o seu primeiro livro “Ri o Joaquim com cócegas assim…” (conto infantil) – Letras & Coisas, em abril de 2016, com 2ª edição em março de 2017. Em Novembro de 2017 lançou o seu segundo livro infantil, intitulado “Ao fundo da minha rua… 3 contos”, de novo editado pela Letras & Coisas e com ilustrações da pintora portuense Sameiro Sequeira.”

O Romance / Livro da Minha Vida - Por Rui Guedes

A poeira saída debaixo do caminhar de Tom Joad parecia assentar sobre os braços do sofá, e os passos arrastados pelo ecrã deixavam pegada idêntica aos carateres impressos na mancha tipográfica da primeira página do primeiro capítulo. Dissociar a imagem perfeita, captada pela lente de John Ford, das palavras escritas por John Steinbeck, é, para mim, um exercício quase impossível, quando a ideia, comummente invariável, de que um filme não substitui o livro, prevalece.

"As Vinhas da Ira" não é o romance da minha vida! É, seguramente, o romance que mudou a minha vida, pelo menos no que toca à forma como passei a vê-la, refletindo-se na interpretação que faço da leitura e na forma como a represento ao nível da escrita.

Foi, por feliz coincidência, o último livro que li antes de publicar o meu primeiro conto. O livro transporta-nos até uma América pós depressão e distante do nosso conhecimento, à semelhança daquilo que estes estranhos dias nos têm trazido. Uma família arrendatária agrícola do Oklahoma, abdicando das suas raízes na procura por melhores condições de vida, deslocando-se desde o interior dos Estados Unidos da América até às vinhas e pomares na orla do Pacífico.

O comovente e dramático relato do desmembramento familiar, quer por circunstâncias da natureza humana, quer pela eterna disputa por qualquer efémera liderança.

Um final estranhamente surpreendente, que deixa o leitor fixo naquele último ponto final. Recordo agora as vezes em que regressei ao início do último capítulo, desejando que, em jeito de aforismo, o último fosse o primeiro. Deixo-vos agora com "As Vinhas da Ira", de John Steinbeck, e com o desejo de um rápido reencontro.

Para os dias de férias, e as longas noites de verão que se aproximam, sugiro:
Doze contos peregrinos – Gabriel García Márquez
Autismo – Valério Romão
Todos os contos – Edgar Allan Poe
Correios – Charles Bukowski
O homem que escrevia azulejos – Álvaro Laborinho Lúcio
Biografia involuntária dos amantes – João Tordo
Homens imprudentemente poéticos – Valter Hugo Mãe
Toda a poesia – Paulo Leminski
O homem duplicado – José Saramago
Os cadernos de Dom Rigoberto – Mario Vargas Llosa

Rui Guedes

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