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SUGESTÃO DE LIVROS | POR NUNO PIGNATELLI
Inácio Nuno Pignatelli nasceu na freguesia do Bonfim, no Porto. Licenciado em Direito, foi advogado e professor e desde muito novo dedicou-se à Literatura tendo ao longo dos anos publicado diversos livros:
Da poesia: “O Olhar e os Sentidos”; “A Terra e o Rio”; “Os Rostos e os Lugares”; “Poemas do Negro e Fumo ou do Nada Intranquilo”; “Quando um Homem se põe a Caminhar”.
Peças de Teatro: “O Hipericão” e o “Diabo do Belho”; “Um roubo na véspera de Natal”; “A Verdadeira História da Batalha de S. Mamede”.
Contos para crianças: “O Pastor de Nuvens”; “Os Sob Montanhas”; “Lembranças da chuva e outras histórias”; “Era uma vez o Abade de Priscos”; “Uma Caçada no Chão da Cozinha”; “A Lenda de Pedro Cem”.
Da ficção: “Contos do Índico”.
O seu empenhamento na preservação da natureza levou-o a prestar particular atenção aos rios e à maneira como as populações ribeirinhas se relacionam com eles: “O Douro – Coisas que o Douro me contou”; “O Douro Português – De Paradela a S. João da Foz com passagem pela nascente”; “Acerca do Febros – Os Rios não se medem aos palmos”; “O Paiva ou a Paiva como também lhe chamam”.
Possui, também, obras de carácter etnográfico: “A Nascente – Relato de um poeta”; “Os Arrais e mestres de barcos rabelos com base em depoimentos”; “Os Cascateiros de Avintes Criadores de pequenos mundos”.
Colabora com jornais, revistas e grupos musicais, associações de defesa do ambiente, escolas e autarquias.
OBRA DE REFERÊNCIA:
“O Principezinho”
Autor: Antoine de Saint Exupéry
A 31 de Julho de 1944 o Comandante Saint Exupéry partira para a Savoie e não regressara ... Abatido no Mediterrâneo, quando ia numa missão de observação, em direcção a Marselha. O enigma do seu desaparecimento tornou-se uma lenda...
A sua vida e a sua obra eternizam-se na frase da raposa - personagem mítica desta obra:
«Vou dizer-te o meu segredo: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos» - mensagem da raposa.
Esta necessidade de amizade e de estabelecer laços de ligação afectiva entre todos os seres - é a maior mensagem deste livro.
Este livro, é um «conto poético». Pode preencher horas de solidão e ser motivo de reflexão e de esperança nas nossas vidas - algo tão necessário hoje em dia, em plena pandemia provocada pelo coronavírus.
É um mundo sem fim, que se desenrola nas suas páginas:
- o eterno sonho da infância perdida
- uma alegoria às diferentes «idades da vida»
- o encontro com o ser humano, na sua maior dimensão
- a confiança no amor e na amizade
- um hino ao mundo, à natureza e aos animais
- a finitude da existência: o limite da vida terrestre, a vida e a morte.
- a recuperação do Sonho e do brilho das estrelas - neste mundo tão sombrio e tão cheio de sofrimento e de dor
Milhões de pessoas já leram esta obra e outras continuarão a ler ...
Este livro, deste escritor francês é uma espécie de «missão da humanidade»!
Saint-Exupéry foi um Visionário... que quis encontrar água no deserto e luz no meio da noite...
Ele viu o mundo através dos olhos dos afectos.
Este escritor viajante fala do deserto onde esteve no Norte de África. Este desejo de errância e ao mesmo tempo de solidão fá-lo reflectir sobre os grandes problemas do homem.
A viagem e a caminhada das caravanas carregadas de bens preciosos, as fadigas, a luta contra o vento, as areias escaldantes e o sol, a sede, o esgotamento, o frio cortante das noites,o grito agudo dos camelos, o calor ardente dos dias, torna-nos impotentes perante a imensidão do infinito. Este total despojamento ensina-lo-á a dar mais valor a tudo à sua volta ,a atingir uma maior espiritualidade que dará maior sentido à sua existência.
É nos afetos, na amizade, no amor, que ele encontra o sentido da vida.
E é no deserto, que ele encontra a figura encantada e encantatória do Principezinho.
Esta narrativa carregada de simbolismo e de alegorias mostra- nos um narrador na primeira pessoa - O Piloto Aviador - que tem uma avaria no deserto.
Como personagem principal temos um garotinho louro com um cachecol amarelo dourado, com um casaco de cerimónia, botas, espada e dragonas com estrelas.
Ás vezes aparece vestido de verde - a simbolizar a esperança, cachecol e um laço vermelho.
O cachecol simboliza a luz do Sol.
O menino faz muitas perguntas... e adora ver o pôr-do-sol quando está triste.
Esta escrita poética - desperta no Leitor emoções fortes, através de Textos repassados de tristeza e de melancolia...
O fantástico surge com a presença de animais e vegetais.
Como símbolos - através de uma simbologia extremamente rica, surge o deserto - lugar de encontro e conhecimento, mas também lugar de separação... Através de um cenário de «Vida para além da Morte»... o Principezinho tomba lentamente na areia ... « Caiu suavemente como caiem as árvores»...
A Rosa será a realização total - a vida, a alma, o amor. Quanto à raposa - ela dá lições de vida ao menino... o cativar.
As estrelas - são Fonte de Luz, que iluminam a caminhada para o poço...
Relembrando os Contos Populares podemos considerar que a raposa funciona como o « herói » em busca da Verdade. Será ela a explicar que a Amizade consiste num paciente processo de aprendizagem progressiva e na descoberta recíproca da confiança, que acontece, quando dois seres são «cativados» um pelo outro.
O que se espera da experiência no deserto ?
- Compreender como o valor da água está ligado à caminhada, sob as estrelas em direcção ao oásis, onde estará o poço...
Empenho, dádiva de si, aceitar as exigências da vida, devolvendo ao mundo a sua unidade... haverá maior aproximação a esta época ? ...
No fim do Livro, o Principezinho partirá ao encontro da sua Rosa ...
Há em Saint- Exupéry - 2 Trajectos de Vida = o do Aviador - do pensador superior, audacioso, partindo à conquista do Céu ... - e o do Escritor - do crítico literário, « do poeta da aviação » - uma necessidade que marcou toda a sua vida.
Ele deu-nos « olhos » semelhantes a « janelas abertas » para a eternidade ; juntos subiremos para a « barca » que nos levará à outra margem.
Que mensagem tiraremos deste livro ?
Ao ler este escritor, apercebemo-nos que devemos caminhar na vida, ao encontro dos nossos sonhos, provenientes das palavras, imagens e símbolos deste Tão célebre conto.
SUGESTÃO DE LIVROS E LEITURAS:
“Por quem os Sinos Dobram” – Ernest Hemingway
“Aparição” – Vergílio Ferreira
“Novos Contos da Montanha” – Miguel Torga