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SUGESTÃO DE LIVROS | POR MIGUEL GOMES

SUGESTÃO DE LIVROS | POR MIGUEL GOMES
24 Setembro 2021

Miguel Gomes, ser-humano desde 1975. Nascido no Porto. Criado em Cête.

 

Obra de referência: 

"Novos contos da montanha"

Autor: Miguel Torga

Vive-se novamente todas as vezes que se percorrem as montanhas agarrado a um conto de Torga, seja ele qual for. A forma por vezes cruel como narra episódios de ninguém, endeusa todo e qualquer protagonista, elevando-os à condição de ser-humano na sua mais pura acepção. A delicadeza com que a terra crua, dura e nua, é percorrida ao longo de pequenas narrativas, parecem condensar o divino à sua centelha inicial, enobrecendo os protagonistas, por vezes inocentes amantes, trazendo um mundo macerado e, ao mesmo tempo, casto, a quem consegue partilhar um pequeno bocado de presunto com uma vida de abandono numa noite de Natal.

Miguel Torga é o autor a que recorro, quase diariamente, para me lembrar que a felicidade é, tal como nós, um pequeno torrão embebido no odor a terra molhada.

 

Sugestões de livros e leituras:

Várias obras marcaram-me, talvez por me terem encontrado em momentos distintos da minha existência. Na infância, os livros de "Lucky Luke" ou da "Disney" permitiram aprimorar a experiência de criar animação em cenários estáticos, bem como treinar a leitura que meticulosamente as minhas professoras primárias ensinaram. Na adolescência, já sem o cenário criado pelas tiras, moldei a imaginação nas aventuras de Alão Quartelmar (na tradução de Eça de Queiroz) e a procura pelas "Minas de Salomão". A entrada na adultícia deu-se com o estrondo abafado de "Ensaio sobre a cegueira" e o fulgor pungente com que abre os olhos para uma realidade não tão distante das frases de Saramago.

Ler é um acto de liberdade. Toda e qualquer leitura, preferencialmente longe das tendências mercantis e temáticas cultivadas, será recomendável. É importante descobrir o que nos fascina (e deixar que o fascínio nos permita descobrir a importância de sermos quem somos). Muitos autores, mais ou menos conhecidos, mais ou menos comerciais, atingem a perfeição quando nos fazem crescer um sorriso na última palavra. É imperioso descobri-los por nós mesmos.

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