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Apontamentos da Nossa História | Uma rivalidade futebolística na Vila de Paredes: Onze Estrelas Futebol Club Paredense e União Sport Club de Paredes

Apontamentos da Nossa História | Uma rivalidade futebolística na Vila de Paredes: Onze Estrelas F...
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21 Outubro 2024

O desporto é hoje um fenómeno de massas, cujo acesso se encontra democratizado, e divide-se por um sem número de modalidades ao gosto quer do praticante, quer do espetador. No entanto, existe um desporto que se destaca de todos os outros pelo alcance que conquistou e que com razão ostenta o título de “desporto rei”. Falamos, claro, do futebol.

O futebol é parte dos nossos dias. Os espaços desportivos multiplicaram-se e não é raro ver o miúdo, que acompanhado pelos pais, carrega no seu saco não só as chuteiras, mas também a ambição de vir a ser a próxima estrela, enquanto que ao lado os veteranos, num convívio entre amigos, se digladiam enquanto recordam os seus momentos áureos que agora são apenas uma memória.

Hoje em dia é raro o local onde não somos bombardeados com uma menção à prática futebolística. O senhor que desfolha o jornal enquanto bebe o café e aproveita para ver as crónicas da bola. O som de fundo que ecoa pela discussão de um grupo de pessoas que, como qualquer bom treinador de bancada e aspirante a arbitro, debatem as opções do treinador e os erros do juiz do jogo que decorreu no fim de semana. O pequeno, embora cada vez mais raro, que pede ao pai uma saqueta de cromos para terminar a sua caderneta de ídolos. As notícias na televisão, no tablet, no telemóvel … O futebol está em todo lado.

O futebol é também paixão. Ficou imortalizada a frase “nunca será só futebol”. De facto, a identificação que se faz com um clube, o vestir a camisola e encarnar no espírito, não simboliza apenas o gosto pela modalidade, mas algo mais transcendente. Essa paixão é também o móbil que leva ao surgimento das rivalidades, que, quando saudáveis, apenas contribuem para uma vivência mais emotiva e vibrante do jogo.

É este o tema que trazemos hoje aqui. Todos nós somos conhecedores das grandes rivalidades com que o futebol nos brinda. A partilha do mesmo berço, não raras vezes, é motivo de divisões, inclusive dentro das próprias famílias, que se agudizam particularmente nos dias que antecedem o embate entre as duas equipas. São inúmeros os exemplos que podemos dar, mas limitemo-nos aos nacionais. Temos o clássico da capital entre Benfica e Sporting, o dérbi da Invicta entre os dragões e os axadrezados ou ainda o dérbi do Minho entre Sporting de Braga e Vitória Sport Clube. Enumeramos aqueles que decorrem na elite do futebol português, mas são vários os derbies locais que fervilham por esse país fora.

Recentemente o concelho de Paredes vivenciou um desses momentos no embate entre o Rebordosa Atlético Clube e o União Sport Clube de Paredes. O jogo mobilizou centenas de aficionados que partilham o mesmo concelho, mas que se dividiam no apoio às diferentes equipas. No entanto, o que nos propomos a abordar aqui hoje é uma rivalidade muito mais antiga. Uma das mais antigas do concelho. Esta remete para a década de 20 e 30 do século passado entre dois clubes da Vila de Paredes: Onze Estrelas Futebol Club Paredense e União Sport Clube de Paredes.

Na Vila de Paredes, tanto quanto se pode apurar até à data, a primeira agremiação com prática desportiva foi o Sporting Club Paredense. Em 1918 esta funde-se com o Club Paredense e formam a Assembleia Sportiva, que gradualmente deixa de parte o desporto e se foca nas atividades recreativas.

Para ocupar o espaço deixado para a prática desportiva, entrando concretamente na prática do futebol, são criados alguns clubes na Vila. O Paredes Sport Club foi criado para suprir essa lacuna, mas foi efémero. Delfim Pinto da Costa, no livro que comemora as bodas de ouro do União, refere que em 1922 existiam quatro clubes na Vila: Paredense Sport Club (diferente do Paredes Sport Club que já se havia extinguido); Comercial Sport Club; Aliança Sport Club; Onze Estrelas Sport Club.

A estes quatro clubes, depois de esforços concertados, dos quais se destacam as figuras de Delfim da Costa, Evaristo Leal e Pe. Marcelino da Conceição, foi proposta uma fusão, que apenas foi rejeitada pelo Onze Estrelas. Desta fusão nasceu, a 13 de dezembro de 1924, o União Sport Clube de Paredes.

O Onze Estrelas apesar de, como já referimos, ser já identificado em 1922 é apontada a sua data de fundação para 4 de dezembro de 1923, como se vê numa imagem de homenagem pela Fetex. O ofício remetido para o Governo Civil dando conhecimento a este organismo da criação de uma sociedade desportiva denominada “Onze Estrelas Foot-ball Club Paredense” é assinado por Joaquim Ferreira Barbosa Júnior e data de 5 março de 1925. Independentemente da data, certo é que era um clube recente aquando da criação do União e preferiu manter a sua independência. A sua sede inicial situava-se na Rua 5 de Outubro, sendo inaugurada em 1924. Neste ano a direção era composta por Daniel Rodrigues da Costa (Presidente), José Coelho Garcez (1º Secretário), Ernesto de Sousa Rangel (2º Secretário) e Reinaldo Guedes da Rocha (Tesoureiro), tendo como capitão geral João Nunes de Sousa Pinheiro e capitão de campo José Augusto da Silva Loureiro. Ao longo do tempo existiu uma alteração à nomenclatura, aparecendo referido também como Onze Estrelas Sporting Clube de Paredes já na década de 30.

O União, clube resultante da fusão, teria cerca de 400 associados na sua fundação. Os sócios ter-se-ão reunido no salão do quartel do Bombeiros de Paredes, na sua primeira assembleia geral, para discutir a elaboração dos estatutos e outros assuntos de relevo para o clube. A sua primeira direção era constituída por José Ferreira da Rocha (Presidente), Arménio da Rocha Madureira (Vice-Presidente), Evaristo Soares Leal (1º Secretário), José Vieira da Silva (2º Secretário), Arlindo da Costa Pinto (Tesoureiro), António Ribeiro de Magalhães Carvalho (Vogal) e António Ribeiro da Silva (Vogal). A comunicação da constituição da sociedade desportiva com os fins de desenvolvimento físico e moral ao Governo Civil do Porto é feita por Evaristo Leal em janeiro de 1926.

Os dois clubes, bastante ecléticos (contavam ambos com outras modalidades para além do futebol), foram protagonistas de uma das primeiras rivalidades futebolísticas na Vila de Paredes. Desconhece-se a data do primeiro embate em os dois. No início do ano de 1927 chegou à direção do União um ofício assinado pelo capitão do Onze Estrelas convidando o clube para a realização de um desafio. Em resposta foi questionado pelos diretores unionistas aos congéneres do clube rival se estes tinham conhecimento da proposta e se assumiam as responsabilidades por tal cargo.

Não conseguimos apurar se os clubes se alinharam para se defrontarem, mas sabemos que existiu uma “troca de galhardetes”, tipicamente feita no campo entre os capitães das equipas, mas desta feita com diferentes protagonistas e tendo como recinto a imprensa local. Os intervenientes foram João Nunes de Sousa Pinheiro, por parte do Onze Estrelas, e José Maria Bragança Ribeiro, pelos unionistas, num desafio que teve o seu palco no Jornal de Paredes onde ambos, semana após semana, trocaram ataques e contra-ataques. O que teve na base da discussão foi uma notícia publicada no Jornal de Notícias de 27-5-1926 sobre um jogo na Vila de Paredes que contou com a presença do Sport Club de Rio Tinto. Passamos a citar:

“Um nosso amigo escreveu-nos chamando a nossa atenção para o facto de naquela vila se receberem e tratarem mal os grupos que ali vão jogar em desafios, como aconteceu que um que lá jogou no domingo findo.

Foi notada bastante a falta de educação desportiva por parte dos dirigentes do União F. C. de Paredes, que possuindo um bom campo não tratem de proporcionar aos clubs visitantes o carinho e respeito que merecem.

O nosso amigo queixa-se de que os jogadores sairam lesionados do jogo que em Paredes realizaram, facto este que em nada depõe em favor dos desportistas daquela vila.”

No número seguinte é feita no mesmo jornal uma retificação à notícia referindo que o clube em questão é o Onze Estrelas e não o União. O mote estava lançado e o apito inicial havia sinalizado a troca de argumentos (nem sempre com o melhor dos fair-plays deve dizer-se) entre os dois representantes dos clubes paredenses. Acrescenta-se, a título de curiosidade, que João Nunes de Sousa Pinheiro, 1º secretário do Onze Estrelas, havia sido sócio do União, tendo pedido a demissão à direção em 1925. Na ata que refere a sua saída é indicado que os sócios demitidos queimaram os cartões de identidade do clube. Este ato foi considerado como como uma atitude desprestigiante pelo que a demissão nunca foi questionada.

O representante unionista inicia o desmentido da notícia no Jornal de Paredes, rejeitando as acusações de falta de conduta desportiva que recaem diretamente sobre si e acusa o secretário do Onze Estrelas de ter enviado uma carta ao Sport Club Rio Tinto. O conteúdo da carta, assinada por João Nunes Pinheiro e onde figurava o emblema do Onze Estrelas, vem transcrito no periódico, pois o dirigente unionista acabou por tomar posse desta por intermédio do clube de Rio Tinto. Atendendo ao seu conteúdo acusa o seu adversário de ser maldizente relativamente à atitude desportiva dos paredenses.

Em resposta a José Maria Bragança Ribeiro veio o representante do Onze Estrelas defender a sua honra. Este refere que não assistiu ao jogo em questão, mas que ouviu na opinião pública que a assistência teria apupado os jogadores visitantes e que a carta vinha apenas fazer justiça à honra do clube visitante, pois os semanários locais tinham atribuído a má conduta ao clube de Gondomar. Também refere várias situações que considera de perseguição do União ao Onze Estrelas. Culpa os unionistas de terem tentado causar entraves à aquisição do campo de jogos e de o terem acusado a ele e mais dois sócios do seu clube de haverem perpetrado um roubo ao União. Estas acusações são particularmente importantes porque nos fornecem dados e pormenores que de outra forma dificilmente teríamos conhecimento devido à falta de documentação que existe para a época sobre os clubes.

João Nunes Sousa Pinheiro refere-se ao roubo que aconteceu na sede do União no dia 25 de junho 1925. Segundo o veiculado nas atas do União foram roubadas da sua sede a prensa de copiar, copiadores e variada documentação, como os livros de atas e estatutos iniciais. Ora, se por razões morais lamentaríamos sempre um roubo, mais ainda quando se perderam documentos importantíssimos para a reconstrução da memória e que se relacionam com um período de particular importância como é a fundação de um clube.

Nesta notícia, para além de referir que ele mais dois colegas foram indicados como autores do roubo, aponta que o verdadeiro autor teria sido José Viera da Silva. Segundo ele, este só não respondeu pelo crime e não foi preso devido à interceção de Aníbal Ruão, Delegado do Governo à época, que não o permitiu. Tudo isto foi refutado por José Maria Bragança Ribeiro, recorrendo a vários testemunhos dos intervenientes citados e que vêm transcritos no semanário.

Outra das questões levantadas prende-se com o campo do Onze Estrelas. Ambos os clubes passaram por um difícil revés relativamente ao local da realização dos jogos logo nos primeiros tempos da sua criação. Existia na Vila de Paredes um campo nos terrenos da Misericórdia de Paredes que era utilizado gratuitamente pelos clubes da Vila para a prática desportiva. No entanto, a Irmandade tinha a pretensão de construir um hospital e, portanto, na sua sessão de 2 de novembro de 1924 mandou oficiar aos clubes que teriam de abandonar o terreno de jogo, pois o seu uso iria trazer constrangimentos ao avançar das obras.

O União viu o seu problema solucionado com a doação feita por Maria Augusta Sottomayor e Menezes e seu segundo marido Manuel Fernandes Porto Júnior de um terreno onde veio a ser construído o seu campo de jogos, atual Estádio Municipal das Laranjeiras. Para além da doação também contribuíram para tal fim algumas doações e empréstimos feitos por particulares e entidades coletivas.

O Onze Estrelas estudou as suas opções e alugou um campo, que era explorado por Ascânio d’Almeida e pertencente a Ramiro Gomes, situado na zona da Estrebuela, conhecido como “campo do Olival”. João Nunes Pinheiro acusa os representantes unionistas de dificultarem a aquisição do terreno, aliciando o proprietário e o arrendatário, o que foi refutado no número seguinte pelo seu correspondente unionista, que mais uma vez recorreu a testemunhos para provar a sua posição.

Relativamente ao campo alugado pelo Onze Estrelas, este, aparentemente, não cumpria com os regulamentos. Em 1931 a direção do Onze Estrelas estaria em conversações para conseguirem uns terrenos “para os lados do cemitério”. Esta solução acabou por não se consumar, pois em 1932, segundo o Progresso de Paredes, é referido que conseguiram fazer as obras necessárias para nivelarem o terreno e cumprirem com as dimensões estipuladas no campo já existente, sendo a sua inauguração em prevista para o dia 21 de fevereiro desse ano numa partida contra o Sport Club da Lixa.

A questão do campo acabou por ser mais um ingrediente para adensar a rivalidade entre os clubes e o tema não findou aqui. Aquando da construção do seu campo, o União pediu auxílio financeiro à Câmara Municipal que, porque o cofre não permitia muitas despesas, contribuíram com 250 escudos. Cerca de meio ano depois, similar pedido é endereçado à municipalidade pelo Onze Estrelas, uma vez que também ficaram privados do campo da Misericórdia e tiverem que arranjar uma alternativa, mas desta vez com um diferente desfecho. A Comissão Administrativa oficiou em resposta que já tinha subsidiado o União para idêntico fim, convicta que esse era o único clube organizado na Vila de Paredes, portanto não iria atribuir nenhuma ajuda, até porque isso abriria portas a que os outros clubes do concelho, que estivessem organizados ou por organizar, se achassem no direito de fazer igual pedido. Um ponto importante que é ressalvado durante a resolução é o facto do vereador Sr. Rocha, por ser presidente do União, não ter votado para evitar possíveis conflitos de interesse.

Esta resposta da edilidade pode ter particular importância uma vez que aponta que o União, embora ainda sem um ano decorrido da sua fundação, se encontrava melhor estabelecido que o seu congénere da Vila de Paredes. Outro indicador neste sentido é o número de sócios de ambos os clubes. Se é referido que o União tinha à data da sua criação perto de 400 sócios, o Onze Estrelas em 1932, segundo a mesma notícia do Progresso de Paredes que se refere à mudança das condições do campo do Olival, teria cerca de 280 associados. Outro dado revelador, cuja entrada em equação avança para a mesma conclusão, é a data da inscrição dos clubes na Associação de Futebol do Porto, sendo o União o pioneiro dos dois clubes. Por fim, o Onze Estrelas, aquando da realização do torneio promovido pelo União Sport Club de Paredes em 1931, de onde saiu vencedor o Aliados de Vilela, não participou justificando que ainda não tinha o seu grupo organizado.

Outra questão, que acaba até por ter tanto de curioso e caricato como de normal quando atendemos à proximidade geográfica, era volatilidade das trocas de sócios, jogadores e até funcionários entre ambos os clubes. Para além do caso já mencionado do diretor do Onze Estrelas que tinha sido sócio do seu rival, existem outros exemplos que podem ser mencionados. Artur Freitas, sócio jogador do União, foi convocado para fazer parte da equipa num desafio a realizar pela turma unionista contra o Marinho Sport Clube. Este acabou recusar a sua porque já se havia comprometido com o Onze Estrelas em fazer um jogo por estes no mesmo dia. Isto era contrário aos regulamentos unionistas e valeu-lhe a suspensão da esquipa pelo resto da época. Apesar deste episódio o jogador veio a representar o União por diversas vezes recolhendo recorrentemente elogios da critica jornalística do Progresso de Paredes.

Outro exemplo é o de Adão Ribeiro de Sousa. Em 1929 era empregado do buffet do União e, depois de um episódio passado na sede deste clube em que foi considerado culpado das acusações de falta de zelo que lhe fizeram, acabou por ser dispensado das suas funções. No entanto, num ofício relacionado com a cobrança da luz na sede do Onze Estrelas datado de junho de 1934, o mesmo Adão Ribeiro de Sousa é referido como sendo empregado agora deste clube.

Estes dois clubes foram os protagonistas de uma rivalidade que teve como palco a Vila de Paredes. Foram parte importante, até pelo ecletismo que ambos apresentavam, no fomento da atividade desportiva paredense. O União acabou por “vencer” o desafio entre ambas uma vez que foi aquele que perdurou no tempo celebrando este ano o seu centenário. O Onze Estrelas, apesar do recrudescimento que demonstra no início da década de 30 acabaria por se extinguir, ao que tudo indica, nessa mesma década, apesar de ter ficado até hoje na memória coletiva paredense.

Vasco Santos,

Outubro 2024 

 

Bibliografia:

BARREIRO, José do - Monografia de Paredes. Paredes, Portugal: Tipografia Mendonça, 1922-24.

Jornal de Paredes. Paredes, 1926

O Progresso de Paredes. Paredes, 1931-1934

Pereira, Ricardo Costa - O futebol portuense na Primeira República Portuguesa (1910-

1926). Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2015. Dissertação de mestrado

Pereira, Ricardo Costa O futebol português no tempo da I República (1910-1926). Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2018. Dissertação de doutoramento

SILVA, Ivo Rafael– Paredes e a Primeira República: Vida social e desportiva. O Paredense. Nº99 (2019), p.19

SILVA, Ivo Rafael – Clubes Extintos do Concelho. O Paredense. Nº165 (2021), p.19

SILVA, Ivo Rafael – Paredes e a Primeira República- Vida Social e Desportiva (III). O Paredense. Nº111 (2019), p.19

União Sport Club de Paredes: Boda de Ouro 13 de Dezembro de 1974. Paredes: Gráfica de Paredes, 1974.

Fontes Manuscritas:

Arquivo Municipal de Paredes, Atas das sessões camarárias, Livro 29

Arquivo Municipal de Paredes, Atas das sessões camarárias, Livro 30

Arquivo Distrital do Porto, Onze Estrelas Futebol Clube Paredense- PT/ADPRT/AC/GCPRT/J-C/114/00810

Livro de atas da Direção do União Sport Clube de Paredes, Livro 1

Livro de atas da Assembleia Geral do União Sport Clube de Paredes, Livro 1

Livro de atas da Confraria da Mesa da Misericórdia de Paredes, Livro 1

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