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Apontamentos da Nossa História | Alberto Leal Coelho Barbosa (1876-1927) - Contador da Comarca de Paredes

Apontamentos da Nossa História | Alberto Leal Coelho Barbosa (1876-1927) - Contador da Comarca de...
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14 Agosto 2024

Alberto Leal Coelho Barbosa nasceu no dia 1 de junho de 1876, em S. Romão de Mouriz, concelho de Paredes. Foi o primeiro de três filhos do bacharel em direito António Joaquim Coelho Barbosa (1839-1903) da Casa de Lourosa de Cima e de Emília Leopoldina Leal Barbosa (1854-1926) descendente da Casa da Agrela da freguesia de Santa Maria de Duas Igrejas. Foi educado nos valores tradicionais, no orgulho nas suas raízes e no dever de administrar e preservar as terras pelas quais durante séculos os seus antepassados pagaram foros aos mosteiros de São Pedro de Cete, de Santo Estevão de Vilela e à Igreja.

Ainda antes de completar dezassete anos, Alberto Leal Coelho Barbosa foi nomeado Contador da Comarca de Paredes, durante o reinado de D. Carlos. Mais tarde, já em plena República, foi-lhe passado o Diploma de Funções Públicas onde se lê: Em nome da República se faz saber que por decreto de 14 de abril de 1893 foi Alberto Leal Coelho Barbosa nomeado para o lugar de Contador do Juízo de Direito da Comarca de Paredes. No verso deste documento, o Contador assina a Declaração de Compromisso. Na pesquisa pelas suas atribuições e competências, sem outra informação da época, encontrámos no dicionário de língua portuguesa de Eduardo de Faria, quarta edição, de 1858, a definição de contador como ‘chefe de uma contadoria que examina e verifica as contas de alguma repartição da fazenda’. Também, entre os papéis que deixou, existe um relatório de 28 de maio de 1899 no qual Alberto Leal Coelho Barbosa contador e distribuidor da Comarca de Paredes faz a certificação dos registos dos emolumentos e salários judiciais referentes aos anos de 1896, 1897 e 1898. Ainda outra publicação esclarecedora das suas atribuições é o seu pequeno livro de consulta: Nova Tabella dos Emolumentos e Salários Judiciaes, Aprovada por Carta de Lei de 13 de Maio de 1896, Edição Do Archivo Jurídico, Porto. Este exemplar está fortemente manuseado e repleto de anotações. Quanto à sua formação académica, restam alguns manuais do ensino secundário e obras de autores clássicos a par com livros de direito e de escrituração e contabilidade comercial.

Depois da morte de seu pai, em 1903, podemos constatar nos registos que deixou que o Contador apoiou a mãe na administração dos bens da família, num tempo em que a terra era avaliada pela sua capacidade de produção de cereais, vinho, linho, hortícolas e árvores de fruto e outras e não pelo índice de construção. Na casa da família fez obras de renovação, mantendo a arquitetura das construções mais antigas como se pode ver em fotografias da época. Ainda durante a vida de sua mãe, que era usufrutuária de todos os bens da família depois de em 1915 ter feito doação aos seus filhos, o Contador mandou erguer uma pequena casa com a intenção desta servir de habitação de férias para o irmão que residia no Porto. Mais tarde, esta construção veio a ser utilizada pelo Município como escola oficial de Lourosa, Mouriz, até à edificação da nova escola de Lourosa no lugar do Bairro. Com 48 anos, em 29 de novembro de 1924, o Contador adquiriu um terreno no canteiro número três do Cemitério Municipal da Vila de Paredes e aí mandou fazer o jazigo de pedra onde repousa com sua mãe. Na base que suporta a cruz, estão gravados os nomes de Emília Leopoldina Leal Barbosa e Alberto Leal Coelho Barbosa e ainda o ano da construção, 1925. Como apontamento de algum interesse para a compreensão da sua personalidade, há o facto de ter sido das primeiras pessoas de Paredes a ter automóvel e ensinou a sobrinha Adélia, filha de seu irmão Armando, a conduzir.

Em 1 de julho de 1899, Alberto Leal Coelho Barbosa casou com Adélia Coelho de Barros. O casal ficou a residir em Castelões de Cepeda, sendo a última morada de que há registo no lugar do Calvário, subúrbios da Vila de Paredes. Deste casamento não houve descendência e em 2 de outubro de 1911 o casal divorciou-se. Porém, apesar das divergências, Alberto e Adélia não se afastaram como comprova o testamento datado de 3 de julho de 1912, no qual o Contador nomeia a sua companheira Adélia usufrutuária de metade dos seus bens e deixa aos herdeiros a obrigação de construir no cemitério de Paredes um jazigo com duas campas para onde o seu corpo deverá ser trasladado, referindo que a outra campa será para a sua companheira Adélia Coelho de Barros. Só em 1917, o casal se separou definitivamente com partilhas registadas no cartório do 3º Ofício. Em 2 de junho do mesmo ano, Alberto fez novo testamento sem nomear Adélia Coelho de Barros. Na família do marido, a sua ex-mulher e ex-companheira era descrita como uma pessoa exuberante e fortemente independente.

A sua irmã Arminda Leal Coelho Barbosa (1879-1904) casou com Gervásio Fernandes de Meirelles (1877-1961), da Bouça. Esta união dissolveu-se ao fim de dois anos por morte de Arminda e gerou um filho, Silvino Meirelles (1903-197…).

O seu irmão Armando Leal Coelho Barbosa (1887-1932) casou com Emília Coelho da Silva (1874-1942), da quinta do Ermo em Castelões de Cepeda. O casal teve uma única filha, Adélia Coelho da Silva Barbosa (1913-2003).

Sobrevivendo a sua mãe, Alberto Leal Coelho Barbosa veio a falecer em 28 de agosto de 1927. Em testamento, datado de 21 de setembro de 1921, institui seu único e universal herdeiro de todos os seus bens a seu irmão Armando Leal Coelho Barbosa e, na sua falta, à sua sobrinha Adélia. Ao seu sobrinho Silvino deixa dez mil escudos. Faz outros legados, nomeadamente, à Irmandade da Misericórdia da Vila de Paredes, às criadas que estiverem ao seu serviço à data do seu falecimento, aos afilhados, aos pobres e aos caseiros. À associação de Bombeiros e ao padre deixa algum dinheiro para que o acompanhem no funeral. Também por vontade expressa no mesmo testamento, foi a enterrar no seu jazigo perpétuo, no Cemitério Municipal de Paredes.

 

Maria Isabel Moura dos Santos Alves Pereira

 

Agradecimentos

Cristiano Marques

Arquivo Municipal de Paredes

 

Bibliografia:

Tombo.pt registos paroquiais:

Assento de batismo nº 16 do ano de 1876, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Assento de casamento nº 63 do ano de 1899, Porto, freguesia da Vitória.

Assento de casamento nº 1 do ano de 1874, Porto, Paredes, freguesia de Duas Igrejas.

Assento de batismo de António Joaquim Coelho Barbosa, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz, do ano de 1839.

Assento de batismo de Emília Leopoldina Leal Barbosa, Porto, Paredes, Duas Igrejas, do ano de 1854.

Assento de batismo nº4 do ano de 1879, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Assento de batismo nº 5 do ano de 1887, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Assento de óbito nº 10 do ano de 1903, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Assento de batismo nº 19 do ano de 1877, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Assento de batismo nº 8 do ano de 1874, Porto, Paredes, freguesia de Castelões de Cepeda.

Assento de batismo nº 31 do ano de 1903, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Assento de óbito nº 34 do ano de 1904, Porto, Paredes, freguesia de Mouriz.

Outras fontes:

Diccionario da Língua Portugueza, de Eduardo de Faria, quarta edição, Parte I, Lisboa, No escriptorio de Francisco Arthur da Silva, Editor-Proprietario, 1858.

Nova Tabella dos Emolumentos e Salários Judiciaes Aprovada por Carta de Lei de 13 de Maio de 1896, Edição do Archivo Juridico, Porto, Livraria Archivo Juridico de J.J. Vieira da Silva, Editor, 1896.

Nobres Casas de Portugal, Elementos Coordenados por António Lambert Pereira da Silva, Livraria Tavares Martins, Porto, 1958 - Fascículo 31.

Documentos na posse da família:

Diploma de Funções Públicas, assinado por Alberto Leal Coelho Barbosa, em 23 de dezembro de 1914.

Livro pessoal de Alberto Leal Coelho Barbosa, datado de 1903.

Relatório de Alberto Leal Coelho barbosa, contador e distribuidor na Comarca de Paredes, relativo aos anos de 1896 e 1897, assinado em 1899.

Testamento de Alberto Leal Coelho Barbosa, de 3 de julho de 1912, com auto de aprovação feito pelo notário Bento Botelho Dias Teixeira, registado no livro nº 2.

Testamento de Alberto Leal Coelho Barbosa, de 2 de junho de 1917, com auto de aprovação feito pelo notário Bento Botelho Dias Teixeira, registado no livro nº 3.

Testamento cerrado de Alberto Leal Coelho Barbosa, de 26 de setembro de 1921, com auto de aprovação feito pelo notário Bento Botelho Dias Teixeira, aberto, lido e registado no livro nº 93, em 9 de setembro de 1927.

Notas datilografadas sobre o divórcio e partilhas, escritas na primeira pessoa.

Traslado da escritura de Doação que D. Emília Leopoldina Leal Barboza faz a seus filhos Alberto e Armando no notário Bacharel António Cabral da Silva Torres, em 2 de maio de 1915.

Escritura de Concessão de Terreno no Cemitério Municipal da Vila de Paredes, em 29 de novembro de 1924.

Renovação de Foros do Prazo do Meio Casal de Lourosa pelo mosteiro de Cete, a José Barbosa e sua mulher Maria Coelho, com medição, em 1747.

Carta de Remissão de Foros do Prazo do Meio Casal de Lourosa de Cima, a José Bernardo Coelho Barbosa, em 26 de maio de 1848.

Carta de Remissão e Consolidação de Domínio de Vários Terrenos na Freguesia de Duas Igrejas, a António Joaquim Coelho Barbosa e sua mulher Dona Emília Leopoldina Coelho Barbosa, em 13 de dezembro de 1879.

Sentença contra o capitão Custódio José Coelho, da quinta do Souto, em 1793.

Carta de Curso de António Joaquim Coelho Barbosa, assinada pelo Reitor da Universidade de Coimbra em 14 de dezembro de 1866.

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