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APONTAMENTOS DA NOSSA HISTÓRIA | Algumas representações da natividade no Concelho de Paredes

APONTAMENTOS DA NOSSA HISTÓRIA | Algumas representações da natividade no Concelho de Paredes
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16 Dezembro 2021

Natividade! Palavra associada ao nascimento do menino Jesus e simplificada pelo sinónimo Natal. Normalmente, a sua representação é simbolizada pelo presépio e pela adoração dos pastores e reis magos, cuja primeira montagem remonta ao século XIII por iniciativa de São Francisco de Assis, como forma de ajudar a que as pessoas entendessem melhor o grande Acontecimento – nascimento de Jesus.

Porém, até chegar o grande acontecimento podemos falar da existência de um ciclo da Natividade, com vários passos e momentos até chegar ao Natal, tais como a parentela de Maria, a Anunciação, entre outros, frequentemente representados pelos artistas e presente nas nossas igrejas.

Apesar de terem sido selecionadas representações do nascimento e da adoração, não se pode deixar de destacar a representação do momento que precede o nascimento. Em Toledo, Espanha, a partir do X Concilio, século VII, terá iniciado uma devoção mariana centrada na celebração da Nossa Senhora da Expectação ou do Parto. Nessa altura proferiam-se antífonas e orações iniciadas pela exclamação (ou suspiro) “Ó”, pelo que o povo terá passado a denominar essa solenidade como Nossa Senhora do Ó, devoção bem simbolizada na padroeira da freguesia de Duas Igrejas, única no concelho de Paredes.

A imagem de Nossa Senhora do Ó faz-se representar com o ventre ligeiramente proeminente e em posição orante, de mãos erguidas, junto ao peito, expressão da sua humilde submissão à vontade divina.

Quanto à representação do nascimento damos como exemplo dois painéis e um quadro.

Um dos painéis faz parte do conjunto de 25 pinturas do teto da capela mor, da igreja de São Tomé de Bitarães. As pinturas representam a vida de Jesus desde da Anunciação até à Ressurreição e subida aos Céus. Lamentavelmente o painel que apresenta o nascimento está quase invisível pela sanefa do retábulo do altar mor, conseguindo-se observar Maria com o Menino Jesus ao colo, vestido, São José de pé ao seu lado e por trás as cabeças de dois bovinos.

O outro painel podemos observá-lo na Igreja (velha) de São Miguel de Rebordosa, a encimar o retábulo lateral de invocação à Imaculada Maria ou Nossa Senhora das Graças. Pintado a óleo sobre madeira, envolvido por uma moldura dourada com motivos vegetalistas, vemos o menino Jesus ao centro com Maria e São José, rodeados por dois pastores e uma pastora, que lhe trazem oferendas e o contemplam. Na parte do superior do painel, também, está o anjo a irradiar luminosidade numa noite escura e que terá anunciado aos pastores o nascimento do Menino.

Na igreja de São Cristóvão de Louredo, na parede da capela mor, encontramos um quadro de moldura simples, em madeira escura, que envolve uma pintura a óleo, centrada numa moldura fingida de configuração geométrica, sobre tela e que representa, também, o nascimento de Jesus. Para além das figuras do menino nu deitado num panal sobre uma manjedoura, Maria a aconchegá-lo em posição de adoração e São José num plano posterior, observamos três pastores e duas pastoras em contemplação. De chapéu na mão, trazem presentes, como um cordeiro e um cesto de ovos. O artista nesta pintura representa um ambiente escuro de estábulo, com a presença do boi e uma abertura para o exterior aonde se vêm árvores e o céu cinzento, sendo a figura do Menino Jesus a maior fonte de luminosidade. No topo está um anjo com uma faixa nas mãos aonde se lê “Gloria in excelsis Deo”.

Destacamos, também, o presépio permanente, dentro de uma maquineta, localizada na base do retábulo lateral da Igreja de São Tomé de Bitarães, ao gosto do século XVIII. Atualmente constituído por várias e diferentes peças, quer na forma como na matéria prima. Para além da figura do Menino Jesus, de pé, vestido, com a mão direita levantada como gesto de pregar ou abençoar, de Maria e de São José, existem os pastores, os Reis Magos, os dromedários e as oferendas.

Estes exemplos presentes, nos tetos, nas paredes e nos retábulos das nossas igrejas, alguns com mais de 300 anos, manifestam a arte e o gosto dos artistas, assim como, dão forma e cor à história do nascimento de Jesus.

Dezembro de 2021

Maria Antónia Silva

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