Passar para o Conteúdo Principal

município

logo Paredes

videopromocional

siga-nos Facebook Instagram RSS feed

Apontamentos da nossa história | As Capelas do Senhor do Padrão no Concelho de Paredes

Apontamentos da nossa história | As Capelas do Senhor do Padrão no Concelho de Paredes
capela_de_terronhas_recarei_1
capela_do_padrao_vandoma
dscf6612
dscf6621
21 Abril 2022

O concelho de Paredes tem cerca de 36 capelas públicas, erigidas em honra de um orago, distribuídas pelo território e adstritas às diferentes freguesias/paróquias. Do conjunto destas capelas destacamos, neste apontamento, dois exemplares, uma na freguesia de Recarei e outra na freguesia de Vandoma. A primeira é paroquial e, portanto, pública e a segunda particular, sendo ambas identificadas por serem de invocação ao Senhor do Padrão.

Por que razão, Senhor do Padrão?

Estas duas capelas distinguem-se, precisamente, por acolher no seu interior um cruzeiro ou, também, conhecido por padrão.

Normalmente, os cruzeiros emergem isolados, ao longo dos caminhos, nas encruzilhadas, nos adros, no cimo dos montes, a sacralizarem o local, ou surgem agrupados, com significado sequencial, evocando as catorze Estações da Paixão de Cristo, desde a sua condenação à morte até ao Calvário.

Mas, por razões que se desconhecem, as duas capelas, para além de terem um altar dedicado a Cristo crucificado, acolhem no seu interior um cruzeiro de granito que habitualmente são do exterior.

A Capela pública/paroquial ao Senhor do Padrão localiza-se na freguesia de Recarei, também conhecida pelo Senhor de Terronhas, designação assumida por se situar no lugar com o mesmo nome. A sua construção foi pedida ao Cabido Episcopal em 1766 pelos moradores do lugar de Terronhas, pelo facto de ficarem muito distantes da Igreja Matriz, que à data era a igreja de São Pedro da Sobreira.

O pedido de autorização para a construção da Capela particular de Vandoma, dirigido ao Cabido Episcopal, em 1802, foi a favor do suplicante António José da Silva e, também, dedicada ao Senhor do Padrão, apesar de, mais recentemente, ser conhecida por capela de São Silvestre. O local da sua construção é designado por lugar do Padrão. A razão da implantação do cruzeiro, bem como a origem do topónimo, prende-se, em nossa opinião, por ali existir um monumento funerário megalítico, ou seja, uma anta ou dólmen, com origens pré-históricas e para o qual não tinham explicação. A adicionar a este facto passava e ainda passa uma importante via de ligação do Porto a Vila Real, com origens medievais, pelo que era habitual a população complementar a materialização da piedade religiosa e a forte religiosidade popular com a colocação de cruzeiros.

Da mesma forma, à data do pedido de autorização para a construção da capela no lugar de Terronhas, também, passaria uma via designada por “Estrada da Cidade” junto à qual existiria no local um cruzeiro de granito com a figura de Cristo crucificado esculpido sobre as hastes que compõem a cruz. Trata-se de um elemento cujas características arquitetónicas e decorativas são ao gosto românico/gótico.

A necessidade dos moradores sacralizarem os lugares, por um lado, e o valor simbólico e significativo para as gentes locais, por outro, levou a que ao construírem as capelas, incluíssem no seu interior o Cruzeiro ou Padrão. Talvez para o preservarem?

Abril de 2022

Maria Antónia Silva

 

Bibliografia

AA.VV. (2008) - « Villa Recaredi» - Estudo Histórico e Etnográfico da Freguesia e Paróquia de Recarei. Coord. Ivo Silva. Paredes: Junta de Freguesia de Recarei.
BARREIRO, J., (1922-1924) – Monografia de Paredes. Porto: Tipografia de Laura Couto & Pinto

 

Top