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Apontamentos da Nossa História | Santa Bárbara protetora dos mineiros e não só….




“São Jerónimo, Santa Bárbara e Virgem Maria
Levai para o monte maninho
Que não tenha pão nem vinho,
Nem bafinho de menino e pedrinhas de sal
Que não faça mal a nada.”
Glória
Pai Nosso
Avé Maria
Esta era a oração rezada na casa de família de Maria Rosa Dias, na freguesia de Aguiar de Sousa, sempre que havia trovoada. Oração com mais de cem anos transmitida de geração em geração e, ainda hoje, rezada pela nossa testemunha. Efetivamente, quando troveja, Maria Rosa continua a apelar à proteção divina, por intercessão de São Jerónimo, Santa Bárbara e Virgem Maria, para que nada aconteça às culturas agrícolas nem aos seres humanos, neste caso na pessoa do menino. Por isso, com esta oração pede-se que a trovoada vá para monte maninho, onde não há nada. Mas esta súplica, quando rezada nos meados do século passado, nesta família, tinha como pedido acrescido e subjacente, a proteção do chefe de família que trabalhava nas Minas de Carvão, em São Pedro da Cova, localidade do concelho de Gondomar, muito próxima do lugar de Aguiar, freguesia de Aguiar de Sousa, concelho de Paredes (1).
Atualmente, apesar destas minas se encontrarem desativadas, a devoção a Santa Bárbara mantem-se viva, assinalando-se a sua festividade, a 4 de dezembro.
O trabalho nas minas era realizado em condições muitas vezes extremas e perigosas, pelo que, na maior parte das vezes, a Imagem de Santa Bárbara era colocada no interior da mina como amparo espiritual e de segurança.
A devoção a Santa Bárbara tem uma importância especial para os mineiros, devido à associação simbólica com a proteção em situações de risco, como explosões, desmoronamentos ou acidentes estruturais. Durante o trabalho nas minas, a presença de gases inflamáveis e o uso de explosivos tornaram os acidentes frequentes e devastadores. Santa Bárbara tornou-se padroeira dos mineiros, porque acreditavam que a sua proteção os ajudaria a evitar tragédias provocadas por essas explosões.
No sul do concelho de Paredes existe uma grande área mineira com explorações desde a época romana, algumas das quais com laboração até à contemporaneidade, mais concretamente até às primeiras décadas do século XX.
Encontrámos evidências de devoção à Santa Barbara relacionada com a presença dos mineiros, por exemplo, na ruína da Capela de Santa Bárbara, no Alto de Sobrido, localizada na serra das Flores, em plena área de exploração mineira, no passado, e muito próxima da área mineira de Santa Iria e Banjas em território do concelho de Paredes. Foi manda construir em 1884, a pedido de José Maria Pereira de Lima, proprietário das Minas de Riba-Douro, como intuito de prestar homenagem a Santa Bárbara, padroeira dos mineiros (OLIVEIRA,1983).
Para norte, em Vilarinho de Cima, na freguesia de Gandra, existe uma imagem barroca de Santa Bárbara, na Capela de São Sebastião e Santa Bárbara, já mencionada em 1758, nas Memórias Paroquiais (CAPELA et all 2009 e FERREIRA, s/d) (2). Ora, esta capela está relativamente próxima da antiga área mineira de Bengada, localizada nas faldas da Serra de Pias, em Bustelo, freguesia de Recarei, cuja devoção à Santa Bárbara, em Vilarinho de Cima, poderá estar relacionada.
Para além da transmissão desta tradição e crença pela oralidade, registam-se outras evidências, como é o caso de um documento bibliográfico de literatura popular portuguesa, utilizado por ocasião das trovoadas, em ambiente doméstico, tema já tratado por nós em 2013, para assinalar o dia de Santa Bárbara, através de usos e costumes paredenses (SILVA 2013).
O livro é pertença de uma família local e encontra-se no interior de um oratório. Trata-se de um pequeno livrinho de 10cm/5cm, com 10 folhas cosidas, de capa de cor castanha decorada com folhas e flores, sem autor e que apesar de não apresentar data poderá enquadrar-se entre os finais do século XVIII e princípio do século XIX. No seu interior reúne um conjunto de orações, iniciando com Palavras Santíssimas contra raios, tempestades e trovões, seguidas do hino a Santa Bárbara, Advogada contra as trovoadas, o Magnificat a Nossa Senhora, oração a Santo Anastácio, Advogado contra os Demónios, a Cruz de S. Bento, devoção a S. Francisco de Borja, Advogado contra os Terramotos, oração a Santo Emídio, Advogado dos Terramotos, oração e hino a S. Gerónimo, Advogado contra os Subterrâneos tremores, responsório e oração a Santo António, a S. Simão, Advogado dos Raios e oração ao Anjo da Guarda, sendo todas as invocações precedidas por uma imagem e respetivos elementos iconográficos. Destaca-se a estampa de Santa Bárbara, que dentro da simplicidade da ilustração sobressai a figura feminina atraente, a torre que a celebrizou, a palma como símbolo de mártir e na mão direita a píxide como, também, advogada da morte repentina sem ter recebido os últimos sacramentos.
Todos os textos (orações/hinos) deste livrinho remetem-nos para a proteção divina por intercessão dos santos, contra “as forças do mal” ou destruidoras de modo a deter o efeito dos fenómenos físicos, que de acordo com as tradições e crenças religiosas pressupunha um conjunto de comportamentos adequados ao rito.
Deste modo, este objeto devocional fazia parte de um ritual doméstico protagonizado pela mulher mais velha da casa que, na altura das trovoadas, acendia uma vela ou lamparina de azeite e lia a oração em voz alta, de joelhos junto do oratório, finalizando com um Padre-nosso, Avé Maria e Glória ao Pai. De seguida, queimava o ramo, constituído por alecrim e oliveira, benzido no Domingo de Ramos.
Após o ritual aguardava-se que Santa Bárbara repusesse a acalmia nos céus.
Este documento, com mais de um século após a sua edição, carregado de marcas de uso, é um testemunho material da cultura imaterial da nossa comunidade e cultura popular.
A devoção a Santa Bárbara constitui, portanto, um legado cultural e espiritual de inegável relevância, perpetuado ao longo de gerações como reflexo da ligação entre a fé e as vivências quotidianas das comunidades. Mais do que uma prática religiosa, esta devoção materializa-se como um elemento distintivo do património imaterial, contribuindo para a preservação de memórias, rituais e crença que moldaram o carácter das comunidades locais.
Dezembro 2024
Maria Antónia Silva
(1) Agradecemos a Maria Rosa Dias por ter partilhado a prática devocional da família a Santa Bárbara
(2) Agradecemos a Nuno Alexandre Ferreira pela colaboração e à Confraria do Mártir São Sebastião de Vilarinho de Cima – Gandra pela cedência da fotografia de Santa Bárbara.
Bibliografia:
BARREIRO, J. (1922-1924) – Monografia de Paredes. Porto: Tipografia de Laura Couto & Pinto
CAPELA, J. V., MATOS, H., BORRALHEIRO, R. (2009) - As Freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Colecção - Portugal nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga, vol.5.
FERREIRA, Nuno Alexandre (s/d) – Capela de São Sebastião de Vilarinho – Gandra.
OLIVEIRA, Camilo de (1983) - O Concelho de Gondomar (Apontamento Monográficos). Tipografia Gráficos Reunidos: Porto, 1983. Vol II. p.349.
SILVA, Maria Antónia (2013) – Invocação a Santa Bárbara e o livro antigo. Newsletter 15 – Dia de Santa Bárbara. Roteiro das Minas e Pontos de Interesse Mineiro e Geológico de Portugal. Https://roteirodasminas.dgeg.gov.pt/media/ydeicxhf/newsletter15.pdf