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Apontamentos da nossa história: Louça Romana em Mouriz




Nos meados da década de 60 do século XX, durante a realização de trabalhos agrícolas na freguesia de Mouriz, concelho de Paredes, foram identificadas diversas peças de cerâmica que se encontravam enterradas no solo. Perante tal situação e estranheza, a notícia chegou a várias pessoas que ao se deslocarem -se ao local identificaram como sendo peças de cerâmica de origem romana, em contexto funerário.
Este achado passou a ser designado por cerâmica da Necrópole da Cruz. Necrópole, porque significa cemitério e Cruz o nome do lugar. Refira-se que este topónimo Cruz pode representar o ato ancestral de cristianizar o sítio, na sequência de se encontrarem vestígios cuja origem não era compreendida pela população em geral pelo que os habitantes do local poderão ter colocado um, eventual, cruzeiro, apropriando-se simbolicamente do espaço.
Deste achado podemos inferir alguns aspetos importantes para o conhecimento do passado. Primeiro, a localização da necrópole, coincide com uma pequena elevação, muito próxima do que terá sido a antiga via romana, mais tarde estrada Real, que ligava o Porto a Vila Real, hoje EN 15. Segundo, a sua existência sugere, também, a presença de um núcleo habitacional próximo, ainda por identificar, não obstante, ter-se identificado, em anos mais recentes, fragmentos cerâmicos datáveis do século XVI e seguintes, apontando que o sítio manteve relevância ocupacional ao longo do tempo.
A descoberta da Necrópole da Cruz, apesar de não ter sido, ainda, objeto de escavação, constitui um testemunho relevante da presença romana no território e da sua romanização. Trata-se de uma descoberta arqueológica significativa, não apenas pelo seu conteúdo material, mas pelo que permite inferir sobre a presença romana na região e as suas práticas sociais e culturais.
O processo de romanização da Península Ibérica teve início no século III a.C., com as primeiras campanhas militares romanas, mas a integração plena dos territórios do que viria a ser Portugal só se consolidaria ao longo dos séculos seguintes. No noroeste peninsular, onde se localiza o atual concelho de Paredes, as redes de comunicação desempenharam um papel fundamental na consolidação do domínio romano, ligando centros urbanos e áreas rurais produtivas. Refira-se que até à data foram identificadas ouras necrópoles, próximas da Necrópole da Cruz, e também, nas proximidades da via antiga acima mencionada, designadamente a Necrópole do Tanque e do Calvário, na freguesia de Baltar (Soeiro 1985-86) e a Necrópole do Cabo, na freguesia de Vandoma (Silva 1992). A presença destas estruturas funerárias romanas, constitui um forte indicador da fixação de comunidades romanizadas e da adoção de práticas culturais imperiais, como o culto aos mortos e a organização do espaço.
Em 1982, apesar das peças cerâmicas encontradas estarem depositadas e expostas, no edifício da antiga Biblioteca-Museu de Paredes, a signatária procurou recolher junto dos habitantes do lugar da Cruz, memórias do achado arqueológico. O achado aconteceu quando do arroteamento de um terreno mato, apareceram peças cerâmicas dentro de sepulturas em covas. Como estas peças não haviam sido mexidas desde a sua deposição, encontravam-se intactas, o que facilitou a perceção da importância e curiosidade do achador. As peças, quer pela sua singularidade, quer pela prática usual da época, para além de alguns exemplares terem ficado à guarda da Câmara Municipal, outros foram dispersados para coleções particulares, cujos paradeiros, atualmente, são desconhecidos.
As peças encontradas tais como pratos, bilhas e copos caraterizam-se por cerâmica comum romana, de fabrico local e de uso quotidiano, indiciando funções especificas tais como: os pratos para servir os alimentos, as bilhas para conter e verter líquidos, como água, vinho ou azeite, e os copos para beber. Apesar da sua simplicidade, a cerâmica ou louça comum não era isenta de valor estético. As formas harmoniosas, a funcionalidade eficiente e, em alguns casos, pequenas decorações ou acabamentos, nomeadamente os tipos de asa, de abertura, a dedeira entre o gargalo e a pega para mais fácil apreensão, a decoração/pintura nas paredes externas dos vasos, mostram que havia um cuidado na produção.
Esta louça seria, portanto, de ir à mesa. Porém, quando colocada em sepulturas, ganham um novo significado: de utensílios domésticos passam a símbolos da vida, memórias do quotidiano do defunto ou ofertas destinadas ao além.
Efetivamente, durante o Alto Império (séculos I a III d.C.), coexistiram duas grandes práticas funerárias: a cremação, mais antiga, e a inumação, que se foi tornando predominante a partir do século III d. C.. Nas duas práticas era comum depositar diversos objetos pessoais e domésticos, incluindo peças de cerâmica, lucernas, moedas e até alimentos.
Assim, as necrópoles como a da Cruz não são apenas locais de enterramento são também testemunhos arqueológicos, da transformação dos espaços rurais e da forma como a romanização se enraizou no território (Silva, Ribeiro 2001). Trata-se de um património, cujo estudo pode trazer contributos valiosos para a compreensão do passado local e para o reforço da identidade cultural do concelho de Paredes.
Maio 2025
Maia Antónia Silva
Bibliografia:
ALARCÃO, Jorge de (1983) – Roman Portugal. Warminster – England, Vol.II.
SILVA, Maria Antónia, RIBEIRO, Flávio (2001) – Herança Romana no Concelho de Paredes: práticas de culto. Paredes: Câmara Municipal de Paredes (Policopiado).
SILVA, Maria Antónia (1992) – A Necrópole de Vandoma – Concelho de Paredes. In: Revista de Ciências Históricas. Porto: Universiadade +ortucalense Infante D. Henrique. Vol.VII, p.7-14 (Separata).
SOEIRO, Teresa (1988-1989) – Contribuição para o inventário arqueológico do concelho de Paredes (Porto). In: POTVGALIA. Porto: Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universiadae do Porto. Nova Série, vol. IX-X, p.109-111