Exposição 'Botânica' de Tiago Polignac

BOTÂNICA explora a relação entre natureza e espaço humano, propondo uma reflexão sobre como esses domínios se entrelaçam, colidem e se reinventam nos contextos urbanos contemporâneos. As obras, desenvolvidas sobre tecidos suspensos, partem de um gesto pictórico livre que combina referências botânicas com formas abstratas, evocando a vitalidade orgânica em toda a sua diversidade e complexidade.

A série amplia o olhar sobre o natural, não como cenário ou recurso, mas como presença ativa e transformadora. Raízes, flores, folhas e texturas sugerem ecossistemas em constante metamorfose, habitados por uma multiplicidade de formas de vida com impulsos e ritmos. Neste trabalho, a natureza não é apenas tema, mas linguagem. Os traços e composições convocam tanto o exterior do mundo biológico quanto a interioridade humana, sugerindo uma continuidade entre os sistemas do ambiente e os do corpo.

As obras são apresentadas em suportes têxteis suspensos, assumindo uma presença flexível e quase corporal no espaço expositivo. Estas superfícies pendentes acentuam o caráter sensorial e vivo da série, aproximando o espectador de uma experiência imersiva e táctil.

BOTÂNICA é, assim, uma proposta de reconexão. Um convite à atenção sobre a pluralidade do que é natural — em nós e fora de nós — e sobre as formas possíveis de coexistência, cuidado e transformação num mundo em constante desequilíbrio, mas ainda cheio de potência.

Biografia do artista:

Psicólogo e pintor autodidata, cuja prática artística se inspira no expressionismo abstrato e abstracionismo geométrico, a sua obra é marcada pela exploração das intersecções entre a arte e os processos neuropsicológicos, refletindo a forma como a perceção, a emoção e o inconsciente moldam tanto a saúde mental quanto a expressão criativa.

Nos últimos anos tem vindo a dedicar-se a compreender as complexas relações entre a mente e o comportamento humano. A sua transição para o mundo das artes plásticas foi motivada pelo interesse naquilo que não pode ser verbalizado — os sentimentos fragmentados, o prazer pelo olhar, as memórias ocultas e os padrões de pensamento que fluem abaixo da superfície consciente. A dualidade entre ciência e arte confere à sua obra uma instabilidade sincera, onde o uso de formas contrasta com movimentos impulsivos e camadas de cor emotivas. Nos seus trabalhos, as linhas e composições repetitivas remetem para a organização dos processos cognitivos e padrões comportamentais. Já as texturas e sobreposições expressam a natureza caótica e imprevisível da experiência emocional humana. A fusão destas abordagens evoca uma tensão constante entre ordem e caos, rigor e espontaneidade, pensamento e sentimento — uma metáfora visual da experiência de navegar o mundo interno do indivíduo e o equilíbrio delicado da saúde mental.

“Como artista e psicólogo, acredito na capacidade da arte para promover o autoconhecimento e agir como um meio de expressão e prazer, consequentemente terapêutico. A minha prática é um convite para se ponderar sobre a forma como entendemos e sentimos a realidade — e como a arte pode ser um caminho de expressão transformadora.”