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Apontamentos da Nossa História | 'Património Rural: Os Espigueiros Portugueses e o Concelho de Paredes”



Os espigueiros, estruturas tradicionais utilizadas para armazenar essencialmente milho, são comuns no Norte de Portugal e na Galiza, especialmente em áreas rurais.
Estes “Celeiros Elevados”, vulgo espigueiros, canastros, caniços e hórreos, este último termo mais utilizado na Galiza, são estruturas característica do noroeste da Península ibérica.
Mais do que celeiros, os espigueiros, ou canastros, são verdadeiras obras de arte popular com elevada carga simbólica e histórica. Como tal, devem ser preservados como elementos fundamentais do nosso património etnográfico.
Os espigueiros portugueses apresentam-se-nos numa enorme variedade de formas e em duas espécies fundamentais; Canastros de Varas e Espigueiros propriamente ditos, sendo de notar que ambos os termos se aplicam indiferentemente aos dois casos, bem como o Caniço, dependendo da região onde estão inseridos.
Neste caso, vamos cingir-nos aos Espigueiros propriamente ditos.
Origens Históricas dos Espigueiros:
A origem precisa dos espigueiros, enquanto estruturas de conservação de cereais, é incerta. No entanto, evidências arqueológicas e históricas apontam para as seguintes fases de desenvolvimento:
Neolítico:
Na Península Ibérica, estruturas ancestrais como os "cabeceiros" e "canastros" - pequenos celeiros circulares elevados, feitos de verga - já eram utilizados para armazenar cereais. Estes modelos, precursores dos espigueiros, persistem até hoje no noroeste de Portugal e na Galiza, especialmente para a conservação de milho grosso.
Idade do Ferro:
As descrições do escritor romano Varrão sobre celeiros na Hispânia Citerior sugerem a existência de estruturas semelhantes aos hórreos asturianos, indicando uma origem pré-romana.
Século V:
Os espigueiros rectangulares, predominantemente utilizados para o milho, foram provavelmente introduzidos pelos Suevos durante a sua fixação na região.
Século XIII:
Ilustrações presentes nas Cantigas de Santa Maria (1280) comprovam a existência de espigueiros antes da introdução do milho na Europa.
Século XVII:
A introdução do milho ("trigo índio"), originário do México, na Europa, através das expedições de Cristóvão Colombo, impulsionou a utilização dos espigueiros na sua forma actual.
Em Portugal, os espigueiros mais antigos, datados, estão na região do Soajo, e são de 1762, com cobertura em lajes de pedra. Outras datas relevantes incluem 1776, em Parada de Lindoso, e outros exemplares do final do século XVIII. A maioria dos espigueiros existentes nesta região, foi construída em meados do século XIX.
São pequenos edifícios, de um modo geral construídos em pedra ou em pedra e madeira, e nos dias de hoje, em muitos casos, de tijolo e betão, sempre de planta rectangular e colocados sobre pilastras ou colunas e nasceram da necessidade de armazenar cereais, em especial as espigas de milho.
Estes Celeiros Elevados, podem ser estreitos, largos ou altos (sendo estes últimos, raros), e com paredes direitas ou com paredes inclinadas, sendo que nestes últimos, tanto podem sem ser nas quatro paredes como só nas laterais.
É curiosa a razão de certas particularidades que os espigueiros têm na sua estrutura, para além de serem quadrados, rectangulares, grandes ou pequenos.
Refiro-me às aberturas (fendas) que têm lateralmente, umas longitudinais, outras transversais, outras em furos, outras só tapadas com rede mais ou menos fina, outras em pedra e outras em madeira. Têm todas a mesma serventia. São desta forma para que haja um perfeito arejamento e secagem das espigas que lá se armazenam.
Como o milho requer que seja colhido no Outono, precisa de estar bem arejado para secar, principalmente numa estação tão húmida como é o Inverno.
É também curioso o formato do plinto ou dos pés em que os canastros estão assentes.
Todos estão sobre elevados, e no local onde o espigueiro assenta no plinto há um rebordo saliente que serve para que ratos e cobras estejam impedidos de aceder às preciosas espigas que lá se guardavam, e ainda se guardam em alguns sítios, e que eram a riqueza de muitas famílias.
O tamanho dos canastros indicava a pujança e a abastança de quem os possuía.
Os espigueiros, estão hoje em quase completo desuso, levam gente a visitá-los e a fotografá-los, em especial onde haja uma aglomeração deles, como por exemplo no Soajo ou no Lindoso, ou nas Terras da Nóbrega, para citar os mais conhecidos, e nestas regiões, nos dias de hoje, as pessoas vivem em grande parte, do negócio gerado por quem as visita.
Há turismo, especialmente turismo rural por causa dos canastros.
Cientes do que está a acontecer nos nossos dias, onde tudo se vai destruindo por se entender que já não serve para nada, ou simplesmente porque se quer algo mais moderno naquele lugar, surgiu em 2021, em Espanha, nomeadamente na Galiza, Astúrias, Cantábria e Leon, um grupo denominado Rede Horrea, que pretende elevar os canastros a Património Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (vulgo, UNESCO).
E Portugal logo se seguiu, associando-se aquela rede, através de Fernando Cerqueira de Barros, arquitecto, que representa o Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, e de Alice Tavares, arquitecta da Universidade de Aveiro e presidente da Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património (APRUPP), com a intenção de promover a mesma classificação para os espigueiros existentes no norte e centro do país.
“O objectivo da Rede Horrea é classificar não apenas o património construído, mas também o imaterial, de caracterização da paisagem, dos saberes construtivos, de como trabalhar a pedra, a madeira e outros materiais”.
A “Portografia - Associação Fotográfica do Porto” ligou-se a este movimento em 2022, com o objectivo de ir procedendo à recolha de material fotográfico do espólio ainda existente em Portugal, e o ir divulgando através da realização de mostras fotográficas. Desde essa altura que através de quatorze dos seus associados, tem continuado um trabalho começado já há muitos anos por Luís Raposo, no sentido de fotografar, o mais exaustivamente possível, os espigueiros existentes no nosso país, e tem promovido exposições e mostras fotográficas para dar a conhecer este nosso Património. Nesse sentido, organizaram já sete exposições: três no Porto (2022,2023,2024), São Pedro de Rates (2023), Paredes (2024), Vila Verde (2024) e Amarante (2025).
A cidade, e o território de Paredes, possuem raízes históricas profundas que se entrelaçam com a evolução da região do Vale do Sousa e têm origens que remontam aos primórdios da nacionalidade portuguesa, para além de vestígios de ocupação humana desde tempos remotos com influências romanas e medievais.
A sua história é marcada por uma forte ligação à agricultura, com destaque para o cultivo do milho, que se tornou um dos principais cultivos da região, contribuindo para a subsistência das populações locais, o que influenciou a presença de espigueiros na paisagem local, e é com naturalidade que a associamos aos espigueiros, reflectindo a herança rural desta região, as práticas agrícolas e o saber trabalhar das gentes desta terra, evidenciando a importância de manter vivas as técnicas e os saberes ancestrais.
Terá sido nestas estruturas que, ano após ano, e em conjunto com a eira e o sequeiro ou casa da eira que lhe estavam sempre associadas, os lavradores guardaram as espigas de milho e os restantes cereais que perfaziam a sua riqueza.
Na região de Paredes, devido à sua história e proximidade com a natureza, é ainda possível encontrar alguns exemplares, embora não sejam tão numerosos ou icónicos quanto os que encontramos em outras regiões do Norte de Portugal. Predominam os espigueiros rectangulares, construídos em madeira, que se adaptam às necessidades de armazenamento do milho.
Embora a madeira seja o material mais comum, também se encontram espigueiros com elementos em pedra, especialmente nas coberturas.
É muito comum encontrar espigueiros mistos, ou seja, com a parte inferior em alvenaria de pedra, e a parte superior em madeira.
Os espigueiros de Paredes apresentam características regionais que os distinguem de outras regiões do país, como a forma dos telhados e os detalhes decorativos.
A sua presença na paisagem rural contribui para a identidade cultural da região.
São um atractivo turístico, que desperta o interesse de visitantes que procuram conhecer a cultura e as tradições da região, e são um testemunho da sua história agrária e da importância do cultivo do milho na região. A sua preservação é fundamental para a salvaguarda do património cultural local, e reforça a singularidade cultural e gastronómica de Paredes, ao mesmo tempo que valoriza o património arquitectónico e etnográfico.
José Fernando Magalhães
Abril de 2025
(o autor não escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico)